Hoje estou escrevendo sobre um assunto um pouco diferente dos que costumo escrever.
Para nós, professores de educação física, existem dois caminhos distintos em nossa profissão: que é a licenciatura (área escolar) e bacharelado (não escolar). Até então eu nunca havia trabalhado em escolas, mas tive a alegria de ser bem qualificado em um concurso, o que me garantiu uma vaga na rede pública de ensino.
Para nós, professores de educação física, existem dois caminhos distintos em nossa profissão: que é a licenciatura (área escolar) e bacharelado (não escolar). Até então eu nunca havia trabalhado em escolas, mas tive a alegria de ser bem qualificado em um concurso, o que me garantiu uma vaga na rede pública de ensino.
Em tempos de faculdade, dificilmente ouvíamos alguém falar que queria trabalhar na área escolar, o que acontece é que a área escolar é vista como uma segunda (ou até ultima) opção por causa da má remuneração. Mas não estou aqui para reclamar, e sim relatar o pouco do que tenho vivenciado no âmbito escolar.
Primeiramente, os alunos, pra mim é uma satisfação enorme ser bem recebido pelos alunos e ver que aos poucos estou conquistando o respeito da maioria deles. Muito bom ver a alegria das crianças enquanto se divertem e brincam em nossas aulas. Outra coisa muito boa também é poder vivenciar aquela infância gostosa e relembrar da nossa infância.
Nossa infância... bom, pelo menos na minha infância “o brincar” era a coisa mais importante pra mim. E tive bons momentos que me recordo como se fosse ontem (frase clichê), a maior parte desses momentos eram “por ai”, nas ruas sem asfaltos, em cima de árvores, em campinhos improvisados, etc. De fato, havia mais opções para brincar, a segurança era maior, minha mãe não tinha tantas preocupações, pois a violência era quase inexistente em nossa cidade. Muito diferente de hoje, a violência cresceu, o número de carros nas ruas aumentaram, a segurança não é a mesma, e com toda razão as mães têm receios de deixarem seus filhos brincando por ai. E muitas vezes preferem que seus filhos fiquem diante da TV, do vídeo-game ou do computador. Com isso temos crianças sedentárias, e de acordo com as pesquisas a tendência é piorar, diminuindo a qualidade e expectativa de vida das nossas crianças.
Segundo os pcn’s da educação física "o brincar" é muito importante para a formação das crianças, são nas brincadeiras que as crianças vão criando condições para lidar com as realidades da vida. Na escola é possível ver a vontade de brincar estampada nos rostinhos das crianças, sou um privilegiado por satisfazer (em partes) essa carência. Creio que só a educação física não seja a solução pra esse problema, mas podemos ser eficazes em alguns pontos:
O prazer pela prática de atividades físicas;
Só assim essas crianças criarão hábitos saudáveis que carregarão consigo por boa parte de suas vidas.
No entanto, vivo em um sistema arcaico, desatualizado, onde o “brincar” o “extravasar” são sinônimos de desordens. Onde a educação física é vista como bagunça, pois as crianças gritam demais, correm demais, suam demais, se sujam demais, e até se machucam demais.
A imposição excessiva de regras, de ordens, de silêncio e acima de tudo a palavra “não pode”. Não pode isso, não pode aquilo... Tudo sob um misto de autoritarismo e poder. E assim, devemos nos adaptar a isso?
Em muitas escolas, a criança é ameaçada se não ficar em silêncio, não ficar bem posicionado numa fila indiana, ou sob qualquer condição que prejudique a “ordem” da escola.
Nós professores não somos omissos a violência, a bagunça excessiva, e tentamos sempre, com toda a serenidade distinguir o que é certo ou errado para nossos alunos. E assim conquistamos o “RESPEITO” e não tão somente o “MEDO” dos nossos alunos.
Gritar e bater na mesa só pra mostrar quem é que manda é fácil. Eu, particularmente, só quero a sabedoria de ter bons argumentos para mostrar ao aluno o porquê de fazer ou não fazer alguma coisa.
“Proibir uma criança de brincar é o mesmo que matar o seu pensamento” (Autor desconhecido)
Escolas, inovem-se!
Charlles S.Q.
Charlles S.Q.