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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Peculiaridades da educação física escolar


Hoje estou escrevendo sobre um assunto um pouco diferente dos que costumo escrever. 
Para nós, professores de educação física, existem dois caminhos distintos em nossa profissão: que é a licenciatura (área escolar) e bacharelado (não escolar). Até então eu nunca havia trabalhado em escolas, mas tive a alegria de ser bem qualificado em um concurso, o que me garantiu uma vaga na rede pública de ensino.

Em tempos de faculdade, dificilmente ouvíamos alguém falar que queria trabalhar na área escolar, o que acontece é que a área escolar é vista como uma segunda (ou até ultima) opção por causa da má remuneração. Mas não estou aqui para reclamar, e sim relatar o pouco do que tenho vivenciado no âmbito escolar. 

Primeiramente, os alunos, pra mim é uma satisfação enorme ser bem recebido pelos alunos e ver que aos poucos estou conquistando o respeito da maioria deles. Muito bom ver a alegria das crianças enquanto se divertem e brincam em nossas aulas. Outra coisa muito boa também é poder vivenciar aquela infância gostosa e relembrar da nossa infância.

Nossa infância... bom, pelo menos na minha infância “o brincar” era a coisa mais importante pra mim. E tive bons momentos que me recordo como se fosse ontem (frase clichê), a maior parte desses momentos eram “por ai”, nas ruas sem asfaltos, em cima de árvores, em campinhos improvisados, etc. De fato, havia mais opções para brincar, a segurança era maior, minha mãe não tinha tantas preocupações, pois a violência era quase inexistente em nossa cidade. Muito diferente de hoje, a violência cresceu, o número de carros nas ruas aumentaram, a segurança não é a mesma, e com toda razão as mães têm receios de deixarem seus filhos brincando por ai. E muitas vezes preferem que seus filhos fiquem diante da TV, do vídeo-game ou do computador. Com isso temos crianças sedentárias, e de acordo com as pesquisas a tendência é piorar, diminuindo a qualidade e expectativa de vida das nossas crianças.
Segundo os pcn’s da educação física "o brincar" é muito importante para a formação das crianças, são nas brincadeiras que as crianças vão criando condições para lidar com as realidades da vida.  Na escola é possível ver a vontade de brincar estampada nos rostinhos das crianças, sou um privilegiado por satisfazer (em partes) essa carência.  Creio que só a educação física não seja a solução pra esse problema, mas podemos ser eficazes em alguns pontos:


Desenvolver o gostar pelas brincadeiras; 

O prazer pela prática de atividades físicas;





Só assim essas crianças criarão hábitos saudáveis que carregarão consigo por boa parte de suas vidas.

No entanto, vivo em um sistema arcaico, desatualizado, onde o “brincar” o “extravasar” são sinônimos de desordens. Onde a educação física é vista como bagunça, pois as crianças gritam demais, correm demais, suam demais, se sujam demais, e até se machucam demais.

A imposição excessiva de regras, de ordens, de silêncio e acima de tudo a palavra “não pode”. Não pode isso, não pode aquilo... Tudo sob um misto de autoritarismo e poder. E assim, devemos nos adaptar a isso?

Em muitas escolas, a criança é ameaçada se não ficar em silêncio, não ficar bem posicionado numa fila indiana, ou sob qualquer condição que prejudique a “ordem” da escola.
Nós professores não somos omissos a violência, a bagunça excessiva, e tentamos sempre, com toda a serenidade distinguir o que é certo ou errado para nossos alunos. E assim conquistamos o “RESPEITO” e não tão somente o “MEDO” dos nossos alunos.

Gritar e bater na mesa só pra mostrar quem é que manda é fácil. Eu, particularmente, só quero a sabedoria de ter bons argumentos para mostrar ao aluno o porquê de fazer ou não fazer alguma coisa.

 “Proibir uma criança de brincar é o mesmo que matar o seu pensamento” (Autor desconhecido)

Escolas, inovem-se! 

Charlles S.Q.